A Caverna - O Mundo das HQs

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Location: Jequié, Bahia, Brazil

Thursday, June 30, 2005

Superman - As 4 Estações - Partes 2, 3 & 4

Muito em breve, o review do restante da minissérie!

Tuesday, June 28, 2005

Superman: As 4 Estações - Parte 1 - Primavera

É inexplicável a química existente entre o roteirista Jeph Loeb e o desenhista Tim Sale. Eles se completam! Isso para mim se tornou uma verdade universal. Não há como negar: os caras quando trabalham juntos agradam gregos e troianos. Superman: As 4 Estações vem confirmar essa tese que também seria, mais tarde, reforçada em outras minisséries como: Demolidor: Amarelo, Homem Aranha: Azul, Hulk: Cinza etc. A fórmula é simples – eles trabalham com personagens tradicionais e re-contam as suas respectivas origens ou partes delas com outra abordagem, sem mudanças bruscas e/ou radicais. A palavra certa aqui para definir o trabalho da dupla é “releitura”! Sim, Loeb e Sale fazem uma releitura, ao mesmo tempo, original (se considerarmos que uma boa leitura pode ser original) e cheia de referências e homenagens aos criadores desses heróis.
Superman: As 4 Estações é uma história simples. Diretamente, é a gênese do herói e mito kriptoniano/humano com uma nova roupagem. Todo mundo está careca de saber de como surgiu o Superman, mas isso pouco importa. O texto de Loeb e a arte de Sale prendem o leitor de tal forma que quase não percebemos a sensação de deja vu. O ponto de partida da história mostra um Clark Kent adolescente, prestes a concluir o colegial em Pequenópolis (a tradução em português para Smallville – palavra, atualmente, mais na moda). A adolescência em si e a descoberta de poderes super-humanos criam muitas dúvidas no inexperiente Kent. Como todo adolescente, o nosso protagonista é, mentalmente, bombardeado por inúmeras perguntas, do tipo: o que fazer da vida? Qual rumo seguir? O que ser quando crescer? Além, das dúvidas adicionais por seu um “super-ser”: Quando poderei usar meus poderes? O que fazer para ajudar as pessoas? Será que fiz menos do que deveria ter feito?
Isso é interessante porque, quando eu era criança, sempre vi o Super num pedestal inalcançável – o cara parecia que não era atingido por nada e, conseqüentemente, esse mito do herói perfeito, indestrutível tornava-o mais distante de nós, pobres mortais. A versão de Loeb/Sale modernizou esse mito, tornando-o mais palpável, mais “humano” na verdadeira acepção da palavra, com dúvidas e incertezas próprias de um... ser humano. O que eles fizeram nessa minissérie foi seguido à risca pela popular série de TV – Smallville. Até o próprio Loeb foi trabalhar como consultor (e autor de alguns roteiros) para essa série. Contudo, ainda prefiro a versão em quadrinhos!
A preferência não é por acaso. As 4 Estações têm lá suas qualidades, principalmente, qualidade literárias. Sim, é isso mesmo que vocês leram, incautos leitores! Encaro o trabalho da dupla nessa mini uma pequena obra ícone-literária. Os dois artistas souberam usar adequadamente metáforas (o uso das estações – do tempo – para representar o amadurecimento do protagonista), há também imagens eficientes (Sale faz um excelente trabalho, criando belíssimos painéis, enfim, usando sua arte para ratificar mais uma vez o conhecido ditado: uma imagem vale mais do que mil palavras) e a correta escolha do narrador (ou melhor, dos narradores) (a história é contada sob o ponto de vista de diferentes narradores – nesse primeiro número quem narra é o pai adotivo de Clark – Jonathan). Esse artifício difere um pouquinho das narrativas padrões – de primeira pessoa ou da narração onisciente – o que é muito bom para a história.
Essa primeira parte – A Primavera – termina quando Clark chega a Metropólis e apresenta seu novo trabalho (de jornalista, é claro) e seus novos amigos (a jornalista Lois Lane, o editor e chefe Perry White e o jovem fotógrafo Jimmy Olsen).
As 4 Estações é isso, arte limpa, grandes painéis e diálogos eficientes. Resultado: clássico instantâneo e leitura obrigatória tanto para os leitores iniciantes como para os antigos (como eu).

Sunday, June 26, 2005

Superman: Identidade Secreta #1 (Editora Panini)

Superman: Identidade Secreta (parte 1 de 4) (Editora Panini)
Na verdade, tenho que confessar algo: a revista mensal do Superman é um saco! Eu não agüento ler o que os roteiristas (e também desenhistas) fazem com o Super.
Eu sei que o cara é um ícone e um dos responsáveis pela popularização das HQs de super-heróis, é o modelo de herói (certinho, bonzinho, responsavelzinho, enfim, como uma amiga minha sempre diz: “ele é tudo de bom!”). Infelizmente, só isso, hoje em dia, não adianta nada. A tradição tem que ser mantida através da renovação da fórmula. É preciso “modenizar” o que parece propenso a desgastar! Mas isso não aconteceu com as histórias do homem de Kripton. Os leitores de HQs se tornaram muito exigentes com o decorrer do tempo (eu me incluo nesse grupo) e, por isso, o Homem de Aço está relegado a segundo plano, graças a mediocridade das atuais histórias mensais!
Porém vejo uma luz no fim do túnel. Por incrível que pareça, o que está salvando o nosso herói são as suas minisséries. As melhores aparições do Superman são nas elogiadíssimas revistas: “Batman – O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller (na qual o kriptoniano é garoto de recados do governo norte-americano) e “Reino do Amanhã” de Alex Ross (onde, a princípio, ele está velho e desiludido, desistiu de ser herói). Surge mais uma nessa galeria, é Superman: Identidade Secreta, uma minissérie que continuar a comprovar essa tese.
Sinceramente, não tinha criado nenhuma expectativa positiva sobre esta minissérie mas, inexplicavelmente, terminei comprando o primeiro número e, graças a Deus, pude comprovar que o material é bom, muito bom! Me surpreendi! Nem deveria ter ficado surpreso se tivesse total confiança na minha tese, não é, caros leitores?
Enfim, surpresa ou não, é preciso salientar o belíssimo trabalho dos artistas: Kurt Busiek consegue criar um roteiro simples de imaginar mas nunca posto em prática antes e Stuart Immonen acompanha a eficiência de Busiek, dando fluência a história com seus desenhos, recriando belas paisagens através de grandes painéis e de enquadramentos que algumas vezes fogem da mesmice. O desenhista chega até a homenagear gibis antigos do Super no começo das histórias.
Elogios feitos, vamos ao argumento da história: rapaz nascido numa cidadezinha do Kansas recebe o mesmo nome do alter-ego do Superman: Clark Kent. O “novo” Kent tem que conviver com o peso do seu nome. Isso acaba por incomodá-lo, afinal, não é sopa para um adolescente ter que aturar a gozação de colegas de escola, a constante comparação de sua vida com a do super-herói feita pelos amigos de seus pais e a auto-decisão de tentar se afastar dessa espécie de “fardo”. Isso relativamente muda quando o novo Clark descobre que pode voar e fazer o que tudo o que o Homem de Aço faz. Seu principal dilema é revelar ou não o segredo de seus “novos” super-poderes. Busiek, com isso, transforma uma história aparentemente inconcebível em algo verossímil. O protagonista, apesar dos poderes, é um adolescente normal, cheio de dúvidas, complexos e inseguro com as transformações que lhe ocorre tão repentinamente.
Outra característica marcante da história é o uso eficiente da metalinguagem. A todo tempo, paralelos são traçados entre a vida do ícone das HQs e a do personagem principal. Citações, referências e homenagens pipocam das páginas dessa extraordinária minissérie, fazendo o leitor ficar atento a cada detalhe da história. Ao final, ficamos ansiosos para ler o novo capítulo desta interessante saga.

P.S. Esqueci de citar a qualidade da minissérie “Super-Homem – As Quatro Estações” (de Jeph Loeb e Tim Sale). Outra pedida obrigatória.

Saturday, June 25, 2005

O Mundo das HQs - Loki #1


Loki #1 (Editora Panini) – Esta edição traz as 2 primeiras partes da minissérie “Loki”
Roteiro: Robert Rodi
Arte: Esad Ribic
Personagens: Loki, Thor, Lorelei, Daia( concubina mandada por Karnilla para agradar Loki), Hella (veio clamar pela alma imortal de Thor), Homem Misterioso (morando, à princípio, em Jotunheim), Lady Sif (escarnecia, zombava e desprezava Loki. Amada de Thor, foi vítima de Loki que cortou seu cabelo loiro. Os anões Brokk e Eitri implantaram “madeixas de ébano”, que a tornou mais bonita ainda, na opinião de Thor. Loki a mantem em cativeiro), Karnilla (veio atrás de Loki, clama por Balder, seu objeto de desejo), Balder.
Comentários:
Não sou grande fã do Thor, isso é um fato comprovado, porém, comprei essa revista exclusivamente por causa dos desenhos. Não conhecia Esad Ribic. Tenho que admitir que o cara me impressionou. Seguindo uma linha mais realista (uma arte mais realista parecendo retratos desenhados de seres humanos) me fez lembrar a arte de Alex Ross (desenhista que muitos adoram e outros, nem tanto – eu gosto muito do Ross). A arte quase que perfeccionista de Ribic chama atenção mesmo. Os detalhes, as faces das personagens, as paisagens que se assemelham a fotos, e os grandes painéis são para deleite visual, contudo, o roteiro não fica tão atrás. Sinceramente, gostei da história que, se não é um primor de originalidade, prima pela fluência, condução.
A história centra-se em Loki (meio-irmão de Thor) que consegue, finalmente, assumir o trono de Asgard. O começo já mostra Loki como senhor do lar dos deuses nórdicos posando, com ar de superioridade, ante a um Thor ferido, acorrentado, cabisbaixo, enquando o “príncipe das mentiras” se vangloria da sua conquista, desafiando a todos que o desafiam. Mas como toda conquista não é feita sozinha, alguns aliados vêm reivindicar suas respectivas recompensas.
Ao lado desse enredo, o escritor Rodi dá um destaque maior no plano psicológico, transformando, em determinados momentos, um imortal num ser humano ao mostrar um Loki que, apesar da vitória, se torna vulnerável, cheio de dúvidas, inseguro e hesitante sobre como governar sua “grande conquista”. Em alguns momentos, a história recorre a flashbacks para mostrar o passado de Loki como forma de “justificar” suas atitudes. Esse enfoque no lado psicológico, deixando de mostrar grandes batalhas – como acontece nas histórias tradicionais de HQs de heróis – é o que torna a história interessante! Por isso, na minha opinião, o roteirista Rodi consegue uma grande façanha: quase (eu disse “quase”) iguala a história à magistral arte de Ribic, transformando a revista numa boa pedida de leitura.
(Escrito por Pablo Vieira)